Parecia tudo combinado. O prefeito eleito em Jo�o Pessoa, Luciano Cartaxo (PT) precisava mesmo�de um descanso, depois de uma campanha t�o trabalhosa. E o suplente de deputado Pastor Juthay Magalh�es (PRB) anda louco para reassumir o mandato na Assembl�ia Legislativa. Cartaxo decidiu ent�o tirar licen�a. Mas, nem tudo ocorreu como planejado.

O deputado petista pode at� se licenciar, mas isso n�o garante a posse imediata do Pastor Juthay. � que, de acordo com o Regimento Interno, o suplente s� assume a vaga quando o titular tira licen�a por um per�odo superior a 120 dias. Como Cartaxo ter� que renunciar ao mandato de deputado at�31 de dezembro, para assumir a Prefeitura da Capital, sua licen�a�n�o alcan�ar� o per�odo m�nimo regimentalmente�exigido.

O presidente Ricardo Marcelo�(PEN) encaminhou o caso para a Procuradoria�da Casa. O pr�ximo encaminhamento depender� deo parecer jur�dico. A� situa��o de Cartaxo pouco muda. Poder� at� tirar licen�a at� 30 de dezembro e retornar no dia seguinte para renunciar. Quanto ao suplente, se n�o puder assumir agora, pelo menos lhe serve o consolo de ganhar dois anos de mandato de m�o beijada a partir de janeiro do ano que vem.

Cautela e caldo de galinha n�o fazem mal a ningu�m. Foi com base nesse ad�gio popular que lideran�as do PT deram um “freio” na euforia exagerada do seu preesidente, Rodrigo Soares, que “lan�ou” o nome do atual prefeito de Jo�o Pessoa, Luciano Agra, como candidato a governador pelo partido em 2014. Agra, todos sabem, nem filiou-se ainda ao PT. E ningu�m sabe se realmente vai se filiar.

O deputado An�sio Maia foi o primeiro a separar as coisas. Disse que, apesar de Agra ser um bom quadro, ainda � cedo para pensar em 2014. Segundo ele, o PT deve primeiro assumir a Prefeitura de Jo�o Pessoa e depois convocar aliados como PP e PSC para, juntos, trabalharem num projeto pol�tico alternativo para o Estado. A� sim, entrar� o processo eleitoral de 2014. Fora desse cronograma, s� especula��es e posi��es pessoais.

Frei Anast�cio tamb�m considera cedo para falar de 2014. O deputado entende que o projeto do�PT para 2014 depende do desempenho de Luciano Cartaxo na Prefeitura da Capital e defende uma postura “p� no ch�o” para que o partido n�o acabe trope�ando nas pr�prias pernas. “N�o podemos colocar o salto alto somente porque elegemos o prefeito de Jo�o Pessoa. Mesmo porque, o prefeito Luciano Cartaxo ter� grandes desafios pela frente”, alertou.

An�sio e Anast�cio t�m raz�o. Rodrigo foi precipitado. O PT tem agora que esquecer 2014 e pensar em como resolver os problemas de Jo�o Pessoa. Afinal, Luciano Cartaxo tem muitas promessas de campanha a serem cumpridas e a oposi��o, seja de que tamanho for,�vai cobrar. O desempenho do prefeito em 2013 certamente ter� peso decisivo na participa��o do PT nas elei��es estaduais de 2014. Com ou sem Agra.

O Partido Ecol�gico Nacional n�o � qualquer nanico. Sua estrutura no Estado ainda � modesta, mas n�o na Assembleia Legislativa. Embora ainda pouco conhecido, por ser um partido novo, o PEN tem a maior bancada, incluindo o presidente da Casa, Ricardo Marcelo. E tem tudo para ser o “fiel da balan�a” nos embates entre governo e oposi��o.

Para evitar interpreta��es distorcidas, por conta do per�odo eleitoral, Ricardo Marcelo resolveu liberar seus comandados para que votassem de forma individual, de acordo com suas consci�ncias, todas as mat�rias, incluindo as de interesse do governo. Com o fim do per�odo eleitoral, os dez integrantes do PEN ter�o agora decis�es coletivas, principalmente em rela��o � propostas pol�micas discutidas nas comiss�es e em plen�rio.

Na pr�xima semana, o presidente Ricardo Marcelo deve reunir a bancada do PEN para definir a estrat�gia de atua��o na Casa. A primeira e mais pol�mica decis�o a ser tomada ser� quanto ao posicionamento pol�tico. O partido tem deputados governistas e oposicionistas. Mas, deve decidir de que lado est�. Foi o combinado.

A partir desta defini��o, o PEN estar� tamb�m tra�ando seu caminho pol�tico rumo �s elei��es estaduais de 2014. Ricardo Marcelo n�o esconde de ningu�m o desejo de galgar outros caminhos. De prefer�ncia, que o levem a uma cadeira no Senado. Se mantiver a bancada unida, ter� chances bem mais concretas de alcan�ar seus objetivos. Seja de um lado, ou do outro.

O vereador Durval Ferreira (PP) deu um passo importante em busca de mais um mandato como presidente da C�mara Municipal de Jo�o Pessoa ao conquistar apoio p�blico de 16 colegas, entre eleitos e reeleitos.

Al�m do manifesto lan�ado na �ltima segunda-feira, com 17 assinaturas, Durval tem a seu favor a decis�o do prefeito eleito, Luciano Cartaxo (PT), de n�o interferir no processo eleitoral da Mesa Diretora.

Se n�o bastassem esses dois pontos importantes, a candidatura de Durval para presidente do Legislativo � vista como uma esp�cie de �compensa��o� ao vereador que abriu m�o da vaga de vice, na chapa de Cartaxo, para facilitar a composi��o das for�as que deram suporte � campanha vitoriosa do petista na Capital.

Para quem n�o lembra, o PP de Durval foi o primeiro partido a fechar acordo com o PT de Cartaxo com aval do ministro Aguinaldo Ribeiro. Na ocasi�o, o nome do vereador era o mais cotado para a vice, dentro do acordo.

Diante da press�o de outros partidos – como o pr�prio PPS de Nonato Bandeira – que desejavam integrar a alian�a, desde que indicassem o companheiro de chapa de Cartaxo, o PP e Durval recuaram.

Reeleito para mais um mandato, Durval achou-se no direito de pleitear a presid�ncia. Articulou-se com antigos e novos companheiros, criando o bloco com 17 dos 27 vereadores.. Mesmo com maioria folgada, o atual presidente trabalha por mais apoios. �Na verdade, trabalhamos em busca do consenso�, explicou.

Uma escolha sem disputa, independente de quem fosse o presidente, seria o ideal para o futuro prefeito e para o in�cio de legislatura. N�o resta d�vida.

Deu o esperado. Romero Rodrigues venceu em Campina Grande e Luciano Cartaxo em Jo�o Pessoa. O resultado confirma o prest�gio eleitoral do senador C�ssio Cunha Lima, na Rainha da Borborema, e a rebeldia do eleitor pessoense, que costuma pregar pe�as naqueles que pensam serem donos de votos, propriet�rios de currais eleitorais.

No dois casos, chamou aten��o a diferen�a acachapante entre vitoriosos e derrotados. Em Campina, mais de 40 mil votos em favor de Romero Rodrigues. Na Capital, mais que o dobro desse n�mero pr�-Cartaxo. Ou seja, resultados incontest�veis.

Apesar do recado das urnas, os dois prefeitos eleitos agiram com humildade nas primeiras declara��es ap�s conclus�o da apura��o. Romero disse que, antes de criticar, prefere esperar para saber como receber� a Prefeitura de Campina Grande. Sabe, de antem�o, que sal�rios de servidores est�o atrasados, bem como pagamento de fornecedores. Mesmo assim, decidiu esperar.

Cartaxo foi mais al�m. Estendeu a m�o aos derrotados em busca de contribui��es que possam ajud�-lo num plano de desenvolvimento abrangente para a Capital. Sabe o petista que muitas coisas ter�o que permanecer, j� que teve o apoio do atual prefeito, Luciano Agra. Mas, est� consciente tamb�m da necessidade de avan�ar em alguns setores para justificar a escolha do eleitorado pelo novo.

Jo�o Pessoa e Campina cobrar�o as mudan�as prometidas nos palanques.

A �ltima pesquisa de opini�o p�blica sobre a elei��o para prefeito de Jo�o Pessoa, divulgada na noite deste s�bado pelo Ibope, aponta a vit�ria do candidato do PT, Luciano Cartaxo, com 63% das inten��es de voto contra 24% do candidato do PSDB, C�cero Lucena.�Os n�meros confirmam o favoritismo de Cartaxo, exposto desde o primeiro turno, quando saiu vitorioso com mais de 70 mil votos sobre o tucano, segundo colocado.

No primeiro turno, o�petista assumiu a dianteira nas pesquisas de forma abrupta. De uma hora para outra, colocou dezenas de pontos percentuais sobre o segundo colocado. O fato provocou�cr�ticas dos advers�rios aos institutos. Vieram outras consultas,�todas com resultados favor�veis a Cartaxo, mantendo, inclusive, a grande diferen�a em rela��o aos demais concorrentes.

No segundo turno, foi diferente. Cartaxo manteve a vantagem do come�o ao fim. Todas as pesquisas atestaram a perspectiva de vit�ria do�candidato do PT com uma larga margem de votos em rela��o a C�cero Lucena. Os n�meros do Ibope nesta �ltima pesquisa, portnanto, apenas confirmaram o que o Ipespe, Consult. 6Sigma�e outros�institutos j� haviam apontado.

Mesmo diante de um quadro t�o favor�vel, o candidato do PT manteve a humildade e disse que�”� preciso esperar o resultado das urnas”. Pediu a milit�ncia para evitar o “j� ganhou”, at� que os votos sejam apurados.

Se de um lado Cartaxo prefere aguardar o resultado das urnas, n�o se pode dizer o mesmo de C�cero. O semplante triste e abatido mostra que tanto o candidato quanto seus assessores j� admitiram a derrota. S� n�o arriscam�progn�stico sobre a�diferen�a de�votos.

 

 

Quem assistiu ao guia eleitoral de C�cero Lucena nesta quinta-feira deve ter notado que o candidato do PSDB mudou de estrat�gia. Talvez aconselhado por seus marqueteiros, C�cero praticamente abandonou os ataques ao prefeito Luciano Agra e investiu contra o PT. Centrou fogo no �mensal�o� e na condena��o, pelo Supremo Tribunal Federal, da c�pula pol�tica petista envolvida at� o pesco�o no esquema de corrup��o comandado por Jos� Dirceu.

A mudan�a de postura do tucano provocou interpreta��es diversas. Uma delas de que C�cero e sua equipe n�o teriam visto bons resultados eleitorais nas investidas contra Agra, que parece �blindado� como o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Outra avalia��o � que as cr�ticas ao PT seriam um contraponto � presen�a de Lula em Jo�o Pessoa, onde n�o s� participou do com�cio em Mangabeira, como intensificou as mensagens no guia eleitoral pedindo votos para Luciano Cartaxo.

Por �ltimo, a mudan�a de postura teria a ver com desespero mesmo, diante do distanciamento entre os dois candidatos nas pesquisas de opini�o p�blica. C�cero estaria ent�o agindo como �franco atirador�, tentando atingir o advers�rio de todo jeito nesse final de campanha, nem que seja por tabela, em busca dos poucos eleitores indecisos que ainda restam.

O pior, para C�cero, � que nem assim o advers�rio abandonou a postura �paz e amor�, que tem refor�ado seu favoritismo e ampliado a tristeza no semblante dos tucanos.