Maranhão rebate Cássio e diz que projeto original do Centro de Convenções era superfaturado

O que era para ser apenas mais uma “chuva de verão”, na relação entre o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PMDB), acabou se transformando num “dilúvio”, arrastando também o ex-governador José Maranhão (PMDB) para o debate sobre a paternidade do Centro de Convenções de João Pessoa. Cássio pediu para Ricardo não incluí-lo “no mesmo saco” com Maranhão quando referir-se a governos anteriores.

Ao tomar conhecimento do ataque, Maranhão reagiu com munição pesada. Confirmou que realmente o projeto e a licitação da obra foram feitos na gestão de Cássio, como reclama o senador, mas disse que, quando assumiu o Palácio da Redenção, teve que refazê-lo porque “havia superfaturamento detectado pelo Tribunal de Contas da União”.

O candidato a prefeito da Capital pelo PMDB acusou ainda o senador tucano de usar dois discursos sobre o atual governador, dependendo da conveniência. Segundo Maranhão, Cássio critica Ricardo em Campina Grande, para fortalecer seu projeto político, e elogia em João Pessoa, para manter os aliados nos cargos que ocupam na estrutura do Estado.

Maranhão também respondeu às críticas do governador. Disse que Ricardo Coutinho, como não tem obras, prefere enganar a população assumindo a paternidade de realizações de outras gestões.

Como se pode ver, muita água ainda vai rolar por baixo desse Centro de Convenções.

Confirmado como vice, Tavinho terá missão especial na campanha de Maranhão

Mais do que resolvido, o episódio envolvendo a indicação do vice do ex-governador José Maranhão parece superado. Além de confirmado na vaga, o vereador Tavinho Santos (PTB) deve assumir importante tarefa durante a longa caminhada em direção à Prefeitura de João Pessoa. Santos fará a “ponte” entre o candidato do PMDB e o eleitor da periferia, onde transita com desenvoltura.

A relação de Maranhão com o eleitor mais humilde e menos esclarecido nunca foi “uma Brastemp”. Como em campanhas anteriores, as pesquisas apontam maior favoritismo do peemedebista nas classes mais favorecidas. No caso de João Pessoa, o fato de representar uma candidatura de oposição talvez justifique essa situação.

Mesmo líder nas pesquisas, o ex-governador precisa trabalhar mais onde seu nome carece de maior penetração. Tavinho conhece a periferia como poucos. Nasceu no “Baixo Roger” e, exercendo o quinto mandato de vereador, conseguiu expandir sua atuação em bairros populares como Valentina Figueiredo, Mangabeira, Mandacaru e Padre Zé, além de comunidades consideradas mais pobres da cidade. É o nome certo para “popularizar” o projeto da coligação encabeçada pelo PMDB.

E não é só isso. Na conversa decisiva que selou a aliança com o PTB, Maranhão disse a Tavinho que não deseja ter um vice apenas no papel. Isso significa que, caso seja eleito, o peemedebista pretende abrir espaço para que seu companheiro de chapa consolide o trabalho que fará durante a campanha, servindo de elo entre as comunidades periféricas e a futura administração municipal.

Como explicar quando o “azarão” atropela um favorito mesmo sem ser candidato?

A mais recente pesquisa do Instituto Datavox, divulgada no domingo, mostra pelo menos dois fenômenos interessantes que devem ter chamado a atenção de marqueteiros e entendidos do assunto de plantão. O primeiro é que o ex-governador José Maranhão, pré-candidato do PMDB, vai se consolidando como um dos fortes concorrentes à disputa de um eventual segundo turno em João Pessoa.

O nome de Maranhão não apenas permanece num patamar considerável de disputa, como vem crescendo na preferência do eleitorado, segundo os números das pesquisas divulgadas até agora. O fato não surpreende tanto porque o ex-governador já era visto entre os favoritos antes mesmo de entrar no páreo. Não apenas pela “bagagem” eleitoral que carrega, mas por ter saído de uma disputa acirrada nas eleições de 2010 com uma das maiores lideranças que a Capital já teve, o atual governador Ricardo Coutinho (PSB), cuja gestão deixa a desejar e enfrenta sérias restrições no maior colégio eleitoral da Paraíba, responsável por sua projeção política. Por essa e pelas obras que deixou quando governou a Paraíba, Maranhão se mantém, de forma positiva, na memória de boa parte do eleitorado pessoense.

O outro ponto, mais complicado de explicar, é o crescimento da “zebra”, que seria em tese o prefeito Luciano Agra (PSB), e o declínio de outro suposto favorito, o senador e ex-prefeito Cícero Lucena (PSDB). Apesar de ainda ostentar números consideráveis, Cícero vem perdendo espaço para um nome que sequer está entre os pré-candidatos. Agra renunciou à sua pretensão quatro meses atrás, enfrenta o boicote do seu próprio partido, que lhe negou legenda e escolheu a ex-secretária Estelizabel Bezerra como representante na disputa, e mesmo assim supera o tucano, que tem o nome citado como candidato desde o ano passado, na preferência do eleitorado.

Como explicar tal situação? Uma hipótese, seria que o eleitor pessoense teria adotado Agra como “vítima” de um processo de perseguição e adicionado a isso a boa gestão, em termos de obras e ações, que o atual prefeito vem mostrando. Em contrapartida, o nome de Cícero não estaria sendo visto como “candidato prá valer”. Tanto que o senador até agora, por mais que negue, não conseguiu afastar a ideia de que o deputado Ruy Carneiro seria o seu “Plano B”. Aliadas a isso, estariam as denúncias da “Operação Confraria”, cujas respostas a população ainda espera receber do Supremo Tribunal Federal, a quem cabe julgá-las.