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Nos quatro primeiros anos de mandato, o prefeito de João Pessoa praticamente não teve adversários. Na Câmara Municipal, vereadores como Raoni Mendes (DEM), Zezinho Botafogo (PSB) e Lucas de Brito (PSL) se revezaram num esforço inglório de fazer oposição. Tanto que tiveram resultados pífios. Para alcançar e manter tal feito, o prefeito teve que ceder, fazer concessões e conviver com falsos aliados e adversários.
Conviver com aliados, não é coisa de outro mundo. Difícil mesmo é dividir espaços com falsos aliados e adversários. Não é segredo para ninguém que Cartaxo deu emprego a muita gente. Nomeou como auxiliares gente boa e gente ruim. E por ter nomeado gente ruim, o prefeito pode pagar um preço alto no futuro. Vamos aos exemplos. No início de abril do ano passado, Cartaxo nomeou Fernando Milanez Filho como secretário do Turismo. Promoveu sabendo quem era o então vereador do PMDB. O “Gordinho” já colecionava o estigma de traição ao ex-prefeito Cícero Lucena (PSDB) e ao ex-governador José Maranhão (PMDB). Tinha bagagem de sobra nesse quesito.
Cartaxo foi alertado por vários companheiros, mas não cedeu. Resolveu dar um voto de confiança ao conhecido defensor dos interesses familiares. Reeleito, o prefeito manteve Milanez (pai) no cargo, até como forma de prestigiar o filho eleito vereador. Errou de novo. Poucos dias após o resultado das eleições, Cartaxo deparou-se com Fernando Milanez Neto (o filho) apoiando o candidato aliado da Oposição, na eleição para Mesa Diretora da Câmara Municipal.
Foi pouco. O mais humilhante para Cartaxo foi aguentar uma tentativa de “lição de moral” por parte do garoto, ao final da mais recente reunião da bancada governista onde se discutiu o processo sucessório na Câmara Municipal. Vereadores que presenciaram o entrevero demonstraram revolta, por um lado, devido à audácia do futuro colega e, por outro, pena do prefeito pela falta de capacidade de combater os impropérios.
Uma cena lamentável, sob todos os aspectos, que mostra bem o nível da disputa por cargos na Câmara Municipal.
Mostra tambem que passou da hora do prefeito reagir, chamar o feito à ordem e voltar a dar as cartas sob pena de virar figura coadjuvante nesse jogo interesses.