Ricardo Coutinho insinua que Cássio pode ser o “trunfo na manga” para 2014

O governador Ricardo Coutinho (PSB) é imprevisível. Isso, ninguém pode negar. Prestes a disputar a reeleição de prefeito de João Pessoa, em 2008, deixou todo mundo de queixo caído ao “peitar” o PMDB do ex-governador José Maranhão e impor o nome do atual prefeito Luciano Agra, até então apenas um técnico de mão cheia, mas estreante na política, para vice em sua chapa.

Naquela época, ninguém sabia, mas, Ricardo tinha um trunfo na manga para evitar que os peemedebistas rompessem com sua candidatura. Segundo ele, havia um acordo anterior com Maranhão. O PSB abriria mão da vice para o peemedebista fechar acordo com o PT na disputa estadual de 2006 e Maranhão deixaria Ricardo à vontade para escolher o vice dois anos depois, sem prejuízos para a aliança celebrada em 2004.

Agora, diante de outro quadro delicado, não é que Ricardo também tem um trunfo na manga. No momento em que a conturbada aliança com Cássio Cunha Lima (PSDB) parece estar por “uma peinha”, como diria o próprio senador tucano, o socialista acena com uma possibilidade que pode mudar todo o cenário político da Paraíba.

Questionado novamente sobre o “moído” envolvendo uma peça de publicidade do Centro de Convenções de João Pessoa, o governador deixou os interlocutores pasmos com a resposta: “Respeito o senador. Estou preocupado com um projeto político que é bom para ele e é bom para a Paraíba. Eu ou ele poderemos comandar esse projeto, mas é cedo para falar no assunto”, disse Ricardo.

Pela primeira vez, Ricardo acenou com a possibilidade de abrir mão da reeleição em favor de Cássio. Mesmo de forma sutil, a declaração mexeu com os nervos de toda classe política paraibana. Horas antes, o senador Vital do Rego Filho (PMDB) havia rasgado elogios ao desempenho do tucano no Senado. Os elogios foram interpretados como uma “cantada política”, se é que se pode tratar o caso dessa forma.

Com isso, Ricardo não só coloca um freio nas escaramuças de Cássio, como afasta, pelo menos momentaneamente, os afagos da oposição ao senador tucano. De quebra, ainda ganha tempo para descascar os “abacaxis”.

Maranhão rebate Cássio e diz que projeto original do Centro de Convenções era superfaturado

O que era para ser apenas mais uma “chuva de verão”, na relação entre o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PMDB), acabou se transformando num “dilúvio”, arrastando também o ex-governador José Maranhão (PMDB) para o debate sobre a paternidade do Centro de Convenções de João Pessoa. Cássio pediu para Ricardo não incluí-lo “no mesmo saco” com Maranhão quando referir-se a governos anteriores.

Ao tomar conhecimento do ataque, Maranhão reagiu com munição pesada. Confirmou que realmente o projeto e a licitação da obra foram feitos na gestão de Cássio, como reclama o senador, mas disse que, quando assumiu o Palácio da Redenção, teve que refazê-lo porque “havia superfaturamento detectado pelo Tribunal de Contas da União”.

O candidato a prefeito da Capital pelo PMDB acusou ainda o senador tucano de usar dois discursos sobre o atual governador, dependendo da conveniência. Segundo Maranhão, Cássio critica Ricardo em Campina Grande, para fortalecer seu projeto político, e elogia em João Pessoa, para manter os aliados nos cargos que ocupam na estrutura do Estado.

Maranhão também respondeu às críticas do governador. Disse que Ricardo Coutinho, como não tem obras, prefere enganar a população assumindo a paternidade de realizações de outras gestões.

Como se pode ver, muita água ainda vai rolar por baixo desse Centro de Convenções.

Cássio quer investigar ligações de Cachoeira com a empreiteira Delta

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) avaliou nesta quarta-feira, 13, que “terminou em um a um” a semana de governadores na CPI do Cachoeira – com os depoimentos do tucano Marconi Perillo (PSDB-GO) e do petista Agnelo Queiroz (PT-DF).  “O PT perdeu primeiro, ao apostar que usaria a CPI para atingir a imprensa livre do Brasil e o procurador-geral da República. Agora a CPI finalmente vai avançar no seu foco, que é a ligação do esquema Cachoeira com a (empreiteira) Delta”, enfatizou.

Esta, aliás, é cobrança recorrente do senador paraibano para que a CPI, investigue a atuação da Delta, em todo o país, convocando os representantes da empresa para depor na Comissão. O senador lamentou que até o momento a CPMI que deveria investigar as relações da suposta organização criminosa comandada pelo senhor Carlos Cachoeira com agentes públicos e empresas não consiga avançar neste terreno para a qual ela foi criada e que é a sua justificativa para ter sido criada.

Cássio também levantou uma questão de ordem acatada pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB/PB), para coibir o abuso do Artigo 14, que permite a fala de um parlamentar quando ele é citado pelo orador na CPI. “A simples menção de um parlamentar não pode inundar a CPI de artigo 14, para que a CPI avance e nós possamos também questionar”, frisou ao perceber a combinação da base governista do PT e aliados, que tem 30 parlamentares contra apenas 6 da oposição,  para monopolizar as intervenções ao governador do PT.

 

Romero não atrai adesões e já preocupa cúpula do PSDB

Os frequentadores do calçadão da Cardoso Vieira, em Campina Grande, já comentam “à boca miúda”, mas não é difícil observar que a pré-candidatura de Romero Rodrigues não vai bem. Ou, pelo menos, não tem acompanhado o ritmo de crescimento dos adversários. Afinal, Romero foi o único que não conseguiu apresentar, nesse período de acomodação, adesões significativas.

Até o deputado Guilherme Almeida (PSC) conseguiu convencer a reitora da UEPB, Marlene Alves, a desistir de disputar o pleito e apoiá-lo. Diante do quadro, foi um grande salto para um pré-candidato até então isolado. Além de Marlene, Guilherme atraiu no pacote do PC do B a família Félix Araujo, uma das mais tradicionais da Rainha da Borborema, que chegou a governar a cidade quando era aliada do grupo Cunha Lima, que hoje apoia Romero.

Mesmo sem adesões de peso, o tucano tem garantido um robusto tempo no rádio e na televisão, graças ao próprio PSDB e ao apoio praticamente certo do DEM e do PSB. Mas, só isso não basta para fazer de Romero um candidato competitivo. O senador Cássio Cunha Lima, maior avalista do tucano e PhD em eleições em Campina Grande, já notou e anotou o problema. Tanto que tem demonstrado preocupação nas conversas que mantém com familiares, amigos e aliados mais próximos.

O grande desafio agora seria convencer Romero a rever seu projeto. Enquanto a cúpula tucana reclama a falta de crescimento de seu pré-candidato, o deputado se queixa da falta de apoio, principalmente estrutural, para agir de forma mais efetiva. O impasse só favorece aos adversários que continuam crescendo às custas dessa inoperância generalizada. Resta saber, até onde vai a paciência do pré-candidato e seus apoiadores.