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Documento com as principais reivindicaes aprovadas durante o 4 Encontro de Governadores do Nordeste, realizado em Teresina, no Piau, nesta sexta-feira, ser encaminhado presidente Dilma Roussef. A “Carta de Teresina”, como foi denominado o documento, enfoca principalmente a necessidade de investimentos na Segurana Pblica e discusso sobre o regime previdencirio, um dos maiores problemas do setor pblico. O governador Ricardo Coutinho (PSB) insistiu na tese de criao de um ministrio especfico para gerir polticas de segurana pblica no Pas.
Abaixo, o documento na ntegra:
CARTA DE TERESINA
O Frum dos Governadores dos Estados Nordestinos, reunidos em 17 de julho de 2015, em Teresina, capital do Piau, refora a importncia da integrao dos Estados, e viabiliza a troca de experincia, potencializando a construo de solues conjuntas, embasadas nas potencialidades de cada um e na identificao de pautas comuns a serem apoiadas pelo Governo Federal, tanto no tocante ao aporte tcnico, como financeiro, visando superao das desigualdades regionais histricas no Brasil.
O compromisso deste grupo de governantes trabalhar para superar os altos ndices de violncia registrados no Nordeste, apesar do crescimento econmico da regio nos ltimos anos. Superar, tambm, os baixos nveis de produo em cincia, tecnologia e inovao, bem como, aprimorar os mecanismos de sustentabilidade da previdncia social dos estados da regio.
Buscam ainda, construir alternativas que viabilizem o nordeste a conviver com os efeitos da seca com a renovao da portaria interministerial 710/14 que subsidia a venda do milho para a regio e a continuidade dos investimentos federais nos Estados, como tambm, das operaes de crdito para viabilizar os projetos planejados, em especial a liberao dos recursos do PAC.
Desta forma, os Governadores construram uma agenda conjunta com encaminhamentos prioritrios, para negociao junto ao Governo Federal, com os seguintes temas: Justia e Segurana Pblica, Cincia, Tecnologia e Inovao e Previdncia Social, conforme detalhamento a seguir:
JUSTIA E SEGURANA PBLICA
Criar o sistema nacional de segurana pblica e justia tendo como eixo estratgico o co-financiamento pelo Governo Federal das polticas de segurana pblica e administrao penitenciria, envolvendo o repasse mensal de fundo a fundo de recursos pela Unio aos Estados, assim como ocorre com o SUS e FUNDEB, com os seguintes eixos de ao:
a) adeso dos Estados do nordeste ao Plano Brasil mais Seguro, garantindo a eficcia do plano, de acordo com as peculiaridades de cada Estado em especial no combate ao trfico de drogas, controle de armas e envolvendo o sistema penitencirio;
b) financiamento do sistema nacional atravs da criao do fundo nacional de segurana pblica, com recursos advindos dos royalties do pr-sal, dentre outras fontes;
c) criao do sistema nico de identificao civil e criminal;
d) unificao da gesto de dados e estatsticas envolvendo critrios nicos na tipificao de crimes;
e) descontigenciamento de recursos atualmente existentes no Fundo Penitencirio Nacional, com a construo de 01 (um) presdio federal em cada Estado do Nordeste, com capacidade mdia para 250 presos;
Assegurar apoio financeiro e logstico do Governo Federal s operaes integradas e poltica de integrao entre os Estados federados do Nordeste e entre os rgos e instituies de segurana pblica e justia em especial na rea da inteligncia, como forma de aumento da eficcia da poltica pblica de segurana e pacificao, envolvendo aes estratgicas no combate ao trfico de drogas, roubo e furto de caixas eletrnicos em toda a regio e em especial nas divisas estaduais;
Incentivar a criao e implementao de mecanismos e alternativas priso associados a uma poltica de ressocializao;
Priorizar a implantao pelo Estado brasileiro de uma poltica eficaz de apoio vtima de violncia, envolvendo as reas de assistncia social, psicolgica, sade e afins;
Na rea de proteo s pessoas ameaadas de morte crianas e adolescentes (PPCCAM), vtimas e testemunhas (PROVITA), alm de defensores de direitos humanos (PPDDH) -, manter o apoio financeiro do Governo Federal e a concesso de apoio tcnico para a criao de Sistemas Estaduais de Proteo e articulao das redes de proteo e para o monitoramento dos programas especficos;
Garantir o apoio financeiro e logstico do Governo Federal no processo de capacitao e nivelamento tcnico dos Corpos de Bombeiros em relao s aes especficas de bombeiro militar e de defesa civil;
Construir uma articulao com o Poder Judicirio, Ministrio Pblico e Defensoria Pblica, objetivando uma maior eficcia da prestao jurisdicional pelas varas criminais, de execuo e dos Tribunais do Jri, como forma de concretizao da Justia, reduo da impunidade e eficcia da poltica de segurana;
Aumentar o controle de armas de fogo no Brasil, mantendo a proposta do Estatuto do desarmamento e envolvendo o uso de tecnologia de rastreamento nas armas nacionais e importadas;
Efetivar a obrigatoriedade das empresas de telefonia mvel em manter bloqueadores de sinal nas unidades prisionais, impedindo-se o uso dos celulares nos presdios;
Liberar e implantar de forma imediata os recursos do Programa Crack: Possvel Vencer.
REGIME PRPRIO DE PREVIDNCIA SOCIAL
Criar Grupo de Trabalho para articular a retomada do processo de compensao previdenciria entre a Unio e os Estados, bem como promover imediata liberao do perodo de estoque, inclusive com a reviso do teto atualmente praticado.
Propor alterao da legislao vigente a fim de viabilizar a compensao previdenciria entre o RGPS e o Regime de Previdncia dos Militares, alm de propor novas regras que estabeleam: parmetros para o equilbrio financeiro e atuarial do regime previdencirio dos militares e bombeiros militares; para a securitizao da dvida ativa dos Estados; desonerar a arrecadao do RPPS ;do pagamento do PASEP; criar loteria federal para os RPPSs ou estabelecer uma participao percentual na distribuio dos resultados das loterias existentes; redistribuir ou criar modelos de compensao dos recursos do DPVAT, quando da ocorrncia de sinistros com os servidores pblicos dos Estados.
Buscar modelao de compensao financeira que possibilite aos Estados suportarem o piso do magistrio no pagamento dos respectivos aposentados e pensionistas, acompanhando, outrossim, os Projetos de Lei em tramitao relacionados as aposentadorias especiais.
Apoiar o frum de debates sobre polticas de emprego, trabalho e renda e de previdncia social, especialmente no que tange adequao das regras dos RPPSs dos Estados do Nordeste s recentes alteraes do sistema previdencirio e concluir o processo de implantao da PREVFEDERAO.
CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO
Manter os programas j pactuados com as Fundaes de Amparo a Pesquisa com a liberao dos recursos empenhados;
Chegar at o final do mandato com aplicao de pelo menos 28% dos investimentos anuais em Cincia, Tecnologia e Inovao na regio Nordeste, inserido a regio nos grandes programas nacionais, com nfase em: energias renovveis e eficincia energtica, tecnologias e gesto da gua, biomas e ecossistemas, ampliao da infraestrutura e utilizao da internet, manufatura avanada, defesa e aeroespacial, agronegcios e agricultura familiar, empreendedorismo e ambientes de inovao. Garantir, ainda, a presena de investimentos no Nordeste oriundos da atual negociao BID/MCTI.
Avanar e modernizar os aspectos regulatrios, em especial os tributrios e priorizar investimentos em rede para pesquisa e inovao na rea de segurana pblica.
Teresina (PI), 17 de julho de 2015.