O empreiteiro Flvio Barra, ligado Andrade Gutierrez, declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que repassou propina de R$ 5,6 milhes ao senador Edison Lobo (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia dos governos Lula (de 2008 a 2010) e Dilma (de 2011 a 2015). A propina teria sido paga sobre as obras da Usina de Angra 3 e da Usina de Belo Monte.
O executivo prestou depoimento em setembro na investigao judicial eleitoral aberta contra a chapa presidencial encabeada por Dilma Rousseff (PT) e por seu vice Michel Temer (PMDB). Barra declarou que entre R$ 4 milhes e R$ 5 milhes em propina foram repassados ao peemedebista por Angra 3 e R$ 600 mil por Belo Monte.
Ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia e delator da Operao Lava Jato, Barra declarou que deixou R$ 600 mil em espcie na casa de um filho do senador peemedebista, que identificou como Mrcio Lobo. Frente o corregedor-geral eleitoral Herman Benjamin tambm ministro do Superior Tribunal de Justia e o juiz auxiliar Bruno Cesar Lorencini, o empreiteiro declarou que a propina em Belo Monte era de 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB porcentual sobre o valor do contrato.
O delator da Lava Jato foi questionado pelo juiz auxiliar se houve “pagamento por fora” em Belo Monte.
No, no, houve um nico pagamento. Eu menciono isso nos meus depoimentos, que na poca no era ano eleitoral, ns no podamos fazer, enfim, um valor de R$ 600 mil, se no me engano, que foi entregue ao ministro Lobo. Mas foi a exceo. No existiam outros pagamentos. Eram sempre nos perodos eleitorais, destinados aos partidos.
O juiz auxiliar Bruno Cesar Lorencini quis saber de Flvio Barra como os R$ 600 mil foram repassados para o PMDB. Ele declarou ter repassado o valor ‘em espcie’, mas que ‘no tinha disponibilidade pra entreg-lo em Braslia’.
Ento, ns combinamos e fizemos essa entrega na casa do filho do ministro Lobo, no Rio de Janeiro. Mrcio, Mrcio Lobo.
De acordo com o delator da Lava Jato, tambm houve diviso de porcentual de propina sobre os contratos de Angra 3: para o PMDB 2%,, para o PT 1% e, em torno de 1,5%, distribudo entre executivos da Eletronuclear. Barra relatou que ‘existiam dois interlocutores principais’, Edison Lobo pelo PMDB e o ex-tesoureiro Joo Vaccari pelo PT, “mas que manteve contato ainda com o senador Romero Juc (PMDB-RR)”.
Com relao ao PT, nunca mencionei esse contrato com o senhor Joo Vaccari, apesar de ter contato com ele, porque j vinha sido mantida uma relao com a rea institucional da empresa. Ento, mantivemos essa interlocuo at para no prejudicar, no envolver mais gente. Da mesma forma, existia uma parte desse compromisso com o PMDB, em relao ao senador Romero Juc, que tambm foi mantida a interlocuo atravs da rea institucional, at porque eu, na condio de um tcnico ou comercial da empresa, atuando especificamente em energia.Se ns dividirmos em trs componentes, ministro Edison Lobo, senador Romero Juc e PT, seriam trs parcelas de 1%. Eu me responsabilizei especificamente pelo ministro Lobo, nesse perodo, devo ter feito alguma coisa em torno de 4 milhes s para o ministro Lobo de 4 a 4,5 a 5 milhes.
Os interlocutores eram, como eu disse, o ministro Edison Lobo e o senador Romero Juc. O senador Romero Juc, at por ser da rea poltica, era tratado, ou tinha como interlocutores o pessoal dessa rea institucional da empresa. O ministro Edison Lobo, por ser o comandante de uma Pasta executiva, que dizia respeito minha rea, me foi apresentado tempos antes, se no me engano em 2009. E eu tinha uma relao e a mantive, quando o assunto Angra veio para mim, eu me reportava a ele com relao ao andamento desse compromisso.
O empreiteiro citou ao TSE um escritrio de advocacia do Maranho.
No s eram feitas parcelas, nesse caso, com o ministro Lobo, parcelas em termos de doao eleitoral, como tambm adotou-se contratos fictcios, principalmente com um escritrio de advogados do Maranho chamado Coutinho e Coutinho Advogados e Associados e tambm alguns valores em espcie, at o ano de 2014, quando interrompemos o pagamento desses valores.
A reportagem ligou para o nmero de telefone da Coutinho e Coutinho Advogados que consta do site da Ordem dos Advogados do Brasil do Maranho (OAB-MA), mas ningum atendeu.
O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, disse, em resposta, que Flvio Barra realmente frequentava a casa do filho do senador Lobo, “porque eram amigos”. “Mas agora surpreendeu, no se sabe em que condies nessa delao, ao fazer essas afirmativas.” Diz que Lobo nega “peremptoriamente” ter recebido “qualquer coisa dele”.
Ele est se aproveitando de uma relao pessoal que tinha para poder criar uma histria na delao que de certa forma o proteja. Ele nega peremptoriamente.
J o senador Romero Juc, diz no ter mantido “nenhum entendimento sobre obras em Belo Monte nem com o senhor Flavio Barra nem com qualquer outra pessoa”.
Com Estado