No que fosse necessrio. Mas ontem, em conversa com a reprter Daiene Cardoso, de O Estado de S. Paulo, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI da Petrobras e pau mandado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Cmara dos Deputados, tirou a mscara de vez.
Adiantou que, por ora, no agendar na CPI o depoimento do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, cuja convocao foi aprovada na ltima quinta-feira. No vou fazer isso [agendar o depoimento]. Vai parecer retaliao, argumentou Hugo.
Por que retaliao? Porque Lula telefonou para Michel Temer, vice-presidente da Repblica, presidente do PMDB e coordenador poltico do governo, e deu-lhe uma bronca pelo fato de o PMDB, partido que controla a maioria dos votos da CPI, no ter impedido a convocao de Okamotto.
Em Salvador, onde participou do 5 Congresso do PT, Lula tambm distribuiu broncas com lderes do seu partido. Chamar Okamotto para depor, segundo Lula, seria quase a mesma coisa que cham-lo. Okamotto uma espcie de tesoureiro informal da famlia Lula da Silva.
Okamotto foi convocado para depor na CPI depois de a Operao Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras, ter descoberto que a empreiteira Camargo Correa doou ao Instituto Lula R$ 3 milhes e pagou a Lula R$ 1,5 milho por quatro palestras.
A CPI fez o que era certo, segundo Motta. No podamos ficar sem dar uma resposta aos fatos. Quer dizer: a convocao de Okamotto no foi para valer. Foi s para dar uma satisfao opinio pblica e atenuar a imagem de chapa branca da CPI.
– A CPI j tem uma pauta complicada para o PT. O clima j est pesado l, ento isso [disputa entre os partidos] coloca mais lenha na fogueira – justificou Motta sem aparentar o menor constrangimento.
Motta repetiu Okamotto. Que apontou sua convocao como exemplo da luta poltica travada pelo PMDB com o PT.
O que ele esconde: h mais de um ms que batalha para emplacar afilhados seus em cargos do governo federal. E cobra a liberao de recursos para investimentos em seus redutos eleitorais na Paraba, principalmente na cidade de Patos.
Por sinal, em janeiro ltimo, Hugo queixou-se de ter apoiado a reeleio do governador Ricardo Coutinho (PSB-PB) e de o PMDB de Patos no ter sido contemplado com um nico cargo no governo”.
– O PMDB de Patos no se sente representado no governo de Ricardo. No indicamos ningum, portanto, no nos sentimos representados, e at nem queremos mais -, declarou Hugo. Para em seguida ameaar:
– Nos sentimos livres para votar as matrias que foram de interesse da sociedade, ou seja, seremos aliados, sem sermos subservientes.
Leia-se: falta de cargos, o PMDB paraibano no ser subserviente ao governador do Estado.
Esse o presidente da CPI que a conduziria com muito vigor na apurao dos escndalos da Petrobras, como garantiu Leonardo Picciani, lder do PMDB na Cmara dos Deputados. ao indic-lo.
Em 2011, ao chegar Cmara com 21 anos ostentando a condio de deputado mais jovem, Hugo foi logo revelando seu apetite por cargos.
– Se ns somos o maior partido do Brasil [o PMDB], se temos o maior nmero de senadores, temos vrios aliados, vrias pessoas importantes para nosso partido que precisam participar do governo, porque ns trabalhamos para esse governo estar onde est.
Precisa dizer mais?
Com O Globo