O senador Cssio Cunha Lima fez, nesta quarta-feira (05), um duro discurso contra o Palcio do Planalto, que mobilizou a larga bancada no Congresso para passar por cima de compromisso firmado com os senadores no sentido de votar o PLC 99/2013, projeto que trata da dvida econmica dos estados e municpios com a Unio.
Resultado de mais um tratorao do governo federal, o Senado terminou por adiar por pelo menos dois meses a votao do projeto que troca o indexador usado para os pagamentos das dvidas dos estados com a Unio. O prprio ministro da Fazenda Guido Mantega esteve reunido com lideranas no Senado, no incio da tarde, e negociou o adiamento do projeto, contrariando compromisso firmado com a Casa. A alegao do Planalto que a mudana poderia desequilibras as contas pblicas.
PELA TAMPA -O PLC 99/2013prev a troca do atual indexador das dvidas, o ndice Geral de Preos Disponibilidade Interna (IGP-DI), pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA). O objetivo reduzir os encargos dessas dvidas, o que pode aliviar as contas estaduais e municipais. Segundo Cssio, os estados no aguentam mais. Ele afirmou que, quando foi governador da Paraba, j no primeiro ano de mandato, precisou comprometer aproximadamente 15% das receitas com o pagamento da dvida pblica. Depois, conforme sublinhou, a partir de uma gesto fiscal sria, responsvel e austera, entregou o mandato com 7% desse comprometimento. Para ele, no mais possvel tolerar essa situao.
J aprovado pela Comisso de Assuntos Econmicos (CAE) em dezembro de 2013 e acordado para ser votado nos primeiros dias desta legislatura, o projeto de lei 99/2013 pretende duas mudanas principais: 1) trocar o indexador que atualiza as dvidas de estados e dos municpios com a Unio, conforme j dito, e 2) reduzir os juros anuais. Hoje, a taxa varia de 6% a 9%. Pelo projeto, cairia para 4%, alm de definir a taxa bsica de juros (Selic) como limitador do pagamento dos encargos.
PARADOXO -A alegao do Planalto que a mudana poderia desequilibrar as contas pblicas. Indignado, Cssio foi irnico, porm cirrgico ao tocar na ferida: No faz mais de 48 horas dois dias! que o ministro Aloizio Mercadante, em nome de Sua Excelncia a presidente Dilma Rousseff, esteve perante o Congresso Nacional lendo a mensagem anual que dirigida ao Congresso pela Presidente da Repblica. Nessa mensagem, o que foi lido, ou seja, o que foi dito, o que foi afirmado, o que foi assegurado, o que foi garantido pelo governo, pela presidente, que o Brasil vivia um paraso fiscal. Isso quer dizer que, em 48 horas, produziu-se uma grave crise fiscal, ao ponto de trazer ao Senado o ministro da Fazenda e a ministra Chefe da Casa, Civil, para se dizer: Pelo amor de Deus, se isso for votado, o Brasil quebra! Quer dizer que eles conseguiram quebrar o Brasil em dois dias? – indagou, perplexo.
DESONRA– O pior que, no final de 2013, o Palcio do Planalto empenhou sua palavra no sentido de permitir a votao desse PLC 99/2013. Agora, recua da promessa. Pior: como disse Cssio, no a primeira vez, no a segunda vez, que o governo federal descumpre a sua palavra, desonra compromissos. Foi assim no fator previdencirio, quando o governo se reuniu com nove senadores e assumiu um compromisso em relao s mudanas, mudanas que o senador Paim(Paulo Paim PT/RS)defende h tantos anos, e simplesmente no cumpriu o acordo. Como se sabe, desdizer-se e, mais grave ainda, descumprir compromisso, sempre nefasto em poltica.
O Brasil, porm, vive momento to surreal, que a ao do Planalto teve o poder de contrariar at mesmo governadores da base aliada, todos em palpos de aranha para amortizar a dvida dos estados, cujos juros so superiores aos praticados por instituies financeiras junto a pessoas jurdicas. Governadores so unnimes em defender que no podem atender as demandas dos cidados porque esto estrangulados por uma dvida que foi contrada em um cenrio econmico muito diferente do atual.
Guido Mantega foi destacado para apagar o fogo votante dos senadores e alegou que a votao do PLC reduziria o volume de dinheiro disponvel para o pas honrar seus compromissos ou investir.Disse, tambm, que o governo teme o aumento do chamado risco Brasil, caso a cobrana das dvidas seja flexibilizada.(O Risco Brasil uma classificao dada economia do pas por agncias internacionais especializadas.)
SURREAL– Cssio Cunha Lima, porm, no engoliu as alegaes. Para o senador, o governo federalvem quebrando o Brasil h muito tempo, com aparelhamento partidrio, com autorizao da Petrobras de forma criminosa para fazer maquiagem fiscal na criatividade contbil que tem sido utilizada, na utilizao dos expedientes mais atrasados, para manter um projeto de poder. Tudo isso no passa de mais um passo na tentativa de o PT manter o Poder resumiu.
Cssio disse mais:A situao to esquisita, ns chegamos a ponto tal, que o senador Randolfe Podrigues (PSOL-AP), que oposio, apresentou um conjunto de emendas e fez um requerimento, para facilitar a votao daquilo que essencial, retirando as suas emendas, porque, aprovadas as emendas, elas tm que ir para a Comisso de Constituio e Justia. Pois bem; vejam em que mundo ns estamos vivendo: o senador Randolfe apresenta requerimento para retirar as emendas. O que ns poderamos pensar? Proposta aprovada por unanimidade. No! O governo, agora, quer a manuteno das emendas de um dos principais lderes da oposio no Brasil. O governo quer a manuteno das emendas do senador Randolfe, para adiar a votao da matria, descumprindo o acordo que foi firmado e desonrando o compromisso assumido.
Com didatismo, CCL tornou a lembrar das atribuies de deputados e senadores, para realar a importncia de defender os estados representados:
– O nosso pacto constitucional estabelece atribuies ao Senado Federal como representante dos estados a Cmara representa o povo. Logo, eu fico a imaginar como algum que, votando contra o seu prprio estado, na eleio deste ano, poder subir ao palanque para olhar para o eleitor e dizer: Vote comigo porque l estarei defendendo o seu interesse, o interesse do nosso Estado. H algo de muito estranho ocorrendo no Brasil. Ns teremos eleies este ano. No tenho a menor dvida de que essa eleio ir para o segundo turno para que possamos mostrar que o Brasil precisa, definitivamente, mudar. Em nome de cada um dos estados da nossa Federao, apelo aos seus representantes: votem a favor dos estados brasileiros! Vamos aprovar o requerimento do Senador Randolfe. Do contrrio, o governo, mais uma vez, descumpre o acordo, quebra os nossos estados e decret
TRATOR- O trator governamental foi violento. Por 40 votos contra 24, Senado rejeitou o requerimento de retirada de emendas e a votao do PLC 99/13 foi adiada.Com a deciso, o projeto retorna s duas comisses (CAE e CCJ) que tero o prazo de 30 dias para analisar a proposta, o que d flego ao governo federal para negociar o texto
Assessoria do senador Cssio Cunha Lima (PSDB-PB)