Em novo depoimento Justia nesta tera (13), depois de permanecer em silncio, o ex-presidente da OAS, Lo Pinheiro, admitiu que pagou cerca de R$ 3,8 milhes para abafar as investigaes da CPI da Petrobras, em 2014.
Os pagamentos, segundo o empreiteiro, foram feitos aos ex-senadores Vital do Rgo (PMDB-P), atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da Unio), e Gim Argello (ex-PTB), preso pela Lava Jato, alm do deputado Marco Maia (PT-RS).
Os dois primeiros, presidente e vice-presidente da CPI instalada naquele ano, afirmaram que poderiam adiar requerimentos e controlar o calendrio da investigao, alm de impedir a convocao de determinados empreiteiros.
Eles pediram R$ 5 milhes, mas o empreiteiro s pagou R$ 2,8 milhes. Eles [Rgo e Argello] me disseram o seguinte: ns podemos ajudar, e muito. Agora, o senhor vai ter que ajudar financeiramente, declarou Pinheiro.
Maia era o relator da CPI, e pediu R$ 1 milho para proteger a OAS do relatrio final.
O empreiteiro afirmou que o deputado foi muito incisivo. Ele me falou: O produto final da CPI um relatrio. Eu tenho preponderncia nisso.
Os repasses a Vital do Rgo, segundo Pinheiro, foram feitos por doaes oficiais ao PMDB Nacional, que recebeu R$ 1 milho da OAS, e por caixa dois, com outros R$ 1,5 milho.
Argello teria recebido por meio de uma doao a uma igreja do Distrito Federal, de R$ 350 mil, e Maia, por meio de um empresrio de seu crculo de relacionamento, cujo nome no foi revelado.
DELAO
Pinheiro tentou negociar uma delao premiada com o Ministrio Pblico Federal, mas a negociao foi suspensa recentemente. Ele havia permanecido em silncio no primeiro depoimento Justia sobre a CPI, tema de uma ao penal em que ru.
Eu cometi crimes e, para o bem da Justia e da nossa sociedade, estou aqui para falar a verdade e dizer tudo o que sei, disse o empreiteiro ao juiz Sergio Moro.
Perguntado por um advogado se ainda estava negociando um acordo de delao, Pinheiro optou por permanecer em silncio.
BERZOINI
Pinheiro ainda mencionou a presena do ex-ministro da presidente Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, numa das primeiras reunies que teve com Argello e Rgo.
Berzoini estava na casa de Argello, em Braslia, durante uma reunio para tratar do tema, e teria dito que o governo de Dilma estava preocupado com a CPI.
O ministro me relatou que era uma preocupao muito grande do governo Dilma o desenrolar dessa CPI, e que gostaria que as empresas pudessem colaborar para que as investigaes no causassem nenhum prejuzo ao governo, afirmou Pinheiro.
Berzoini se retirou aps cerca de quarenta minutos, segundo o empreiteiro, que entendeu a presena do ento ministro como um instrumento de presso.
OUTRO LADO
Em nota, o ministro Vital do Rgo declarou que jamais negociou, com quem quer que seja, valores relacionados a doaes ilcitas de campanhas eleitorais ou qualquer tipo de vantagem pessoal.
O peemedebista disse que refuta com veemncia as acusaes, que afirma serem infundadas e desacompanhadas de qualquer prova.
O ex-senador Gim Argello nega irregularidades e diz que jamais pediu doao ou propina em troca de abafar a CPI.
O deputado Marco Maia, em nota, negou as acusaes de Pinheiro e disse que elas so fruto de retaliao de um criminoso por mim indiciado na CPMI.
Maia afirmou que no recebeu doaes eleitorais de qualquer empresa que foi investigada na CPI, em 2014.
Utilizarei de todas as medidas legais para que a verdade seja estabelecida, declarou.
A reportagem no conseguiu contato com o ex-ministro Ricardo Berzoini.
Com Folha