Os deputados Adriano Galdino (PSB), Tião Gomes (PSL) e João Gonçalves (PSD) denunciaram a suposta compra de votos no interior da Paraíba, onde candidatos estariam se valendo de “homens da mala preta” para garantir apoios e, consequentemente, a eleição.
Têm razão os parlamentares. Afinal, toda denúncia intencionada a manter a licitude do pleito é bem vinda. A democracia agradece. Mesmo que, no caso, o denunciantes estejam defendendo os próprios bolsos. Ou melhor, os próprios mandatos, já que são candidatos à reeleição.
O problema é que os deputados divulgaram a reza, mas não revelam o nome do santo, como ensina a sabedoria popular. E sem nomes, a Justiça Eleitoral não tem como agir. Primeiro porque não tem sequer por onde começar as investigações. A menos que os denunciantes sejam ouvidos formalmente. O TRE não dispõe de fiscais em toda esquina para dar flagrantes. Seria o ideal, mas não é o real.
Quando omitem nomes dos supostos beneficiários, os deputados indiretamente colaboram para que a compra de votos continue, prejudicando a democracia e a eles próprios. As razões, ninguém sabe. Talvez porque tenham o “rabo preso”, expressão popular usada para designar aquele que não pode acusar porque deve, seja de que forma for.
Coincidentemente, Tião Gomes, João Gonçalves e Adriano Galdino vinham se queixando da “invasão” de seus “redutos eleitorais” antes mesmo do início da campanha. Entre os supostos invasores estariam os ex-secretários estaduais Ricardo Barbosa e Estela Bezerra, seus concorrentes diretos por vagas na Assembleia Legislativa.
Claro que tudo não passa de coincidência. Mas, ainda há tempo para que os deputados ajudem a Justiça Eleitoral a coibir a compra de votos. Apontando, se não os tais “homens da mala preta”, pelo menos os políticos que estariam se beneficiando dessa ação nefasta.