Ex-prefeito do municpio de Tapero, no Cariri paraibano, Deoclcio Moura conhece como ningum a regio. Conhece tambm, de perto, os efeitos da seca e mostra-se assustado com a intensidade do atual perodo de estiagem e os estragos provocados at agora numa Paraba carente de gua.
Deoclcio calcula que pelo menos oitenta por cento (isso mesmo, 80%) do rebanho bovino paraibano j morreram ou foram vendidos pelos produtores, por temerem a perda total dos animais. Ou seja, o Estado s contaria hoje com vinte por cento (20%) do gado que j teve em abundncia.
Alm da falta d’gua, os animais padecem tambm pela ausncia de comida. At mesmo a palma forrageira, alimento antes usado pelo homem do campo para aliment-los, sumiu das terras caririzeiras, vtima da praga da colchonilha.
Mas, o pior ainda no veio, na viso de Deoclcio. Ele no tem dvidas de que, se a seca persistir at o meio do ano, pelo menos, a regio entrar em caos porque vai faltar gua at mesmo para o consumo humano. “At agora, os prejuzos maiores foram para os animais, mas no suportaremos a continuidade da estiagem. Se no chover logo, teremos que importar gua de outras regies at para o nosso prprio consumo”, prev.
No se trata de previso exagerada. Os reservatrios do Cariri e tambm do Serto esto quase que totalmente secos. Os que ainda acumulam gua, esto com sua capacidade mnima e o produto no serve para o consumo. Para completar, o ex-prefeito revela que nem mesmo a transposio do So Francisco, da forma que vem sendo implantada, resolveria o problema do Cariri.
Segundo Deoclcio Moura, os rios da regio que recebero as guas do canal esto poludos por dejetos das cidades prximas. “Se a gua for despejada nos rios do jeito que esto, no servir para o consumo humano. Teremos uma gua poluda, comprometendo a sade da populao de toda a regio”, alertou.
Diante de um quadro como este, fica difcil o homem do campo manter a esperana de dias melhores.