Paraibano que comanda Sistema Penitencirio do Rio Grande do Norte condena “luxo” de apenados: “Presdio no hotel”

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Em meio crise que colocou em evidncia o descontrole e as condies degradantes do sistema penitencirio brasileiro, o secretrio de Justia e Cidadania do Rio Grande do Norte, Wallber Virgolino, disse que presdio no hotel e preso no hspede. Segundo ele, que delegado de polcia, o criminoso tem que se sentir criminoso com regras rgidas de comportamento e sem benesses como ventilador ou tev.

Presdio no hotel, e preso no hspede. Tem que ser tratado como preso, como acontece no Japo, nos Estados Unidos afirmou.

Questionado sobre se as instalaes vistas em qualquer inspeo em presdios podem mesmo ser comparadas s de um hotel, ele defendeu:

um hotel, sabe por qu? Se voc pegar a maioria dos presdios do Brasil vai encontrar televiso, frigobar, ar-condicionado. Isso no um hotel, no?

E reafirmou a comparao, mesmo considerando as condies de superlotao, falta de higiene e ventilao, propagao de doenas:

Mesmo assim. Aqui os doutrinadores comparam o sistema penitencirio com calabouo, mas o calabouo no tem ar-condicionado, no tem televiso, no tem ventilador, no tem ferro de engomar, frigobar, churrasqueira.

No Rio Grande do Norte, estou tirando tudo isso. Estou tirando ventilador, tudo, para o preso sentir. Se no, vai achar que pode tudo.

Interpelado a respeito da conivncia da direo da unidade e demais autoridades para que tais regalias sejam possveis, o secretrio reconhece problemas:

Alguns estados fazem um acordo tcito com os presos. Tu fica quietinho e eu deixo entrar tudo pra tu. () O Estado recua, fica com medo do preso, e comea a aceitar de forma involuntria tudo do preso, para ele no bagunar, no matar ningum, no fazer rebelio afirma, acrescentando:

A gente tem que encarar o preso como preso. Se a educao pecou, se os programas sociais pecaram, no problema nosso. Estamos l para custodiar.

Confrontado especificamente sobre a situao de celas lotadas muito acima da capacidade, Virgolino diz que no aceitvel, mas pondera se tratar das condies possveis no pas:

No aceitvel (ter celas superlotadas), mas a senhora acha que vai mudar isso nesses 20 anos? () A gente tem que gerenciar com o que tem na mo. Eu no posso ficar trabalhando (com a hiptese) que vai cair (do cu) 20 presdios l, dizendo que vai ter um preso por cela. No vai. Temos que adotar medidas pensando na realidade.

Virgolino, que atuou na administrao penitenciria da Paraba antes de assumir a secretaria do Rio Grande do Norte, critica profissionais que opinam sobre a crise sem participar da rotina prisional. Ele cobra que agentes prisionais sejam tambm ouvidos no atual cenrio de crise.

Falar de tourada fcil, quero ver lutar com o boi na arena. Se fosse fcil, qualquer um fazia.

Segundo o secretrio, no h indicao de futuras rebelies no estado ligadas aos massacres na regio Norte, que ele considera resultado de uma briga isolada. O Rio Grande do Norte tem cerca de 8 mil presos em 4,5 mil vagas. A gesto de Virgolino separa os presos do Sindicato do Crime e PCC nas unidades estaduais. Medida que, segundo ele, no diminui a tenso. Mas ele no deixa de defender a prpria gesto:

A estrutura fsica prejudica um pouco, mas a gente tem moral dentro dos presdios.

Clickpb com O Globo

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