Tucano aliado de Lula nas eleições de 2006 se nega a entregar título de cidadania paraibana ao ex-presidente

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Na disputa eleitoral de 2006, o então deputado Zenóbio Toscano disputava a reeleição e tinha o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato a presidente da República pelo PSDB. Tinha também o hoje senador Cássio Cunha Lima como candidato ao Governo do Estado. Ou seja, Zenóbio tinha tudo para fazer uma campanha verticalizada, seguindo estritamente o instituto da fidelidade partidária.

Mas, contrariando a lógica, o tucano preferiu votar na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,do PT, principal adversário do seu partido. Zenóbio manteve a defesa de Cássio para governador e orientou seus eleitores a renegar a candidatura de Alckmin. Até comitê em defesa de Cássio e Lula foi montado, na Avenida Epitácio Pessoa, coordenado pelo então deputado Gilvan Freire.

Antes disso, Zenóbio já dava sinais de “apreço” ao PT. Em 2003, apresentou projeto de título de Cidadão Paraibano à Lula. Com apoio de Cássio, teve a proposta aprovada na Assembleia Legislativa, sem problemas. Mesmo contrariados, alguns deputados votaram a favor, seguindo a orientação do governo. Lula foi reeleito. Hoje, o petista é oposição, enquanto Zenóbio e Cássio apoiam o Governo de Michel Temer, como todos sabem.

Mas, a fila não andou somente até aí. Quinze anos depois da aprovação, o autor do título de cidadania negou-se a entregá-lo sob a frágil alegação de problemas pessoais. Zenóbio alega que não poderá estar presente à solenidade do próximo domingo (!9), quando o ex-presidente visita as obras da Transposição do São Francisco, em Monteiro, devido à questões de saúde na família. Esperto, o líder do PSB, deputado Hervázio Bezerra, sugeriu que a homenagem fosse entregue pela filha do atual prefeito de Guarabira, deputada Camila Toscana.

Contrariando a máxima tucana de permanecer “em cima do muro”, Camila foi mais sincera que o pai e revelou que, além dos problemas familiares, não se sentiria “à vontade” em fazer a entrega. Repassou a missão ao petista Frei Anastácio. “São do mesmo partido (Anastácio e Lula). Acho que Frei Anastácio seria a melhor pessoa para entregar (o título)”, afirmou Camila.

Nesse ponto, Camila tem razão. Anastácio é, além de correligionário, o maior defensor de Lula na Assembleia Legislativa, sugerindo a entrega da Medalha de Epitácio Pessoa, maior honraria da Casa, ao petista. Pode, perfeitamente, acumular as duas coisas. Estranho mesmo é a mudança de comportamento e de pensamento de um deputado em relação a uma liderança política que já teve o poder em mãos e hoje lidera as oposições. Mas, para isso, a filha de Zenóbio também tem explicação: “Naquela época, não existia a Lava Jato, nem se sabia da corrupção que envolve o PT”.

Tem razão novamente a jovem deputada. Ela só esqueceu que, naquela época, também não se sabia do envolvimento do PMDB, do PP e do próprio PSDB no maior esquema de corrupção já registrado no Brasil. E, talvez, no mundo.

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