Se o ex-governador Jos� Maranh�o vencer a elei��o para prefeito de Jo�o Pessoa, n�o ter� sido com ajuda da bancada federal do PMDB. Pelo menos nesse in�cio de campanha, n�o se v� qualquer mobiliza��o dos deputados federais ou do senador Vitaldo do Rego Filho em favor do candidato peemedebista. Com exce��o do sobrinho, Benjamim Maranh�o.

A indiferen�a em rela��o � campanha por parte de Hugo Mota, Wilson Filho, Nilda Gondim, Manoel J�nior e Vitalzinho � facilmente notada nos eventos promovidos pelo PMDB. Maranh�o participou de caminhadas, visitas, com�cios e debates. Em nenhuma ocasi�o foi registrada a presen�a dos parlamentares.

Claro que cada um tem compromissos com suas bases, mas n�o custa nada dar uma ajudinha � principal lideran�a do partido. Mesmo sem mandato, Maranh�o ainda � o �general� da tropa peemebedista, querendo ou n�o alguns comandados. E a vit�ria no principal col�gio eleitoral certamente dar� mais f�lego ao PMDB para a disputa de 2014.

Depois, os cinco parlamentares tamb�m foram votados em Jo�o Pessoa. Vitalzinho, por exemplo, foi o que mais atraiu apoio do eleitorado pessoense entre os candidatos ao Senado. Manoel J�nior tem na capital uma de suas principais bases eleitorais. N�o justifica, portanto, o afastamento. A menos que seja premeditado. Boicote.

Seja como for, numa elei��o disputada como a de Jo�o Pessoa, Maranh�o precisa de apoios. N�o pode se dar ao luxo de abrir m�o dos pr�prios aliados.

Se as investiga��es sobre a Cagepa envolvessem um governo do PT, ser� que o deputado Frei Anast�cio teria levado � frente a proposta de instala��o de uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito? Provavelmente, n�o. Anast�cio foi esperto. De uma s� tacada, tenta atingir o governador Ricardo Coutinho e os ex-governadores Jos� Maranh�o e C�ssio Cunha Lima.

Dos tr�s, com certeza o mais prejudicado seria Maranh�o, por estar em plena campanha eleitoral pela Prefeitura de Jo�o Pessoa. O peemedebista, inclusive, tem entre seus advers�rios o candidato de Frei Anast�cio, tamb�m petista Luciano Cartaxo. Mas, isso deve ser coincid�ncia.

A verdade � que, pelo menos agora, essa CPI s� interessa a Anast�cio e ao PT. Sob o argumento de comprometer o empr�stimo de R$ 150 milh�es que o governo tenta aprovar para salvar a Cagepa, o deputado petista quer abrir a �caixa preta� da empresa para mostrar � opini�o p�blica os respons�veis por sua �quebradeira�.

At� Ricardo Coutinho posicionou-se a favor da CPI, mesmo tendo a Cagepa feito v�rios empr�stimos durante sua gest�o. Com isso, espera no m�nimo dividir o �nus, at� agora jogado sobre sua administra��o, da defici�ncia da empresa. Quanto ao Frei Anast�cio, nada tem a perder. Nem ele, nem o PT.

� comum em todo processo eleitoral a presen�a da �turma do j� ganhou�. N�o seria diferente agora. Tem gente comemorando n�meros de pesquisas como se fosse o palet� de posse. Em Jo�o Pessoa, por exemplo, candidatos e assessores fazem proje��es at� sobre um eventual segundo turno, como se a decis�o das urnas, prevista para outubro, nada valesse.

A campanha est� apenas come�ando e muita �gua ainda vai rolar por baixo da ponte. Tivemos dois debates na televis�o. Teremos outros. As atividades de rua devem ser intensificadas a partir do in�cio do gru�a eleitoral, talvez o mais importante instrumento de conquista de votos. Ou seja, nada est� decidido. Nem mesmo as tend�ncias s�o definitivas.

Os n�meros das pesquisas at� agora divulgados servem mais para orientar os candidatos do que como par�metro de defini��o dos eleitos. � importante saber a prefer�ncia do eleitorado, mas n�o d� para prever vit�ria ou derrota de ningu�m nessa fase inicial de campanha. Quem pensar o contr�rio, pode acabar entre os derrotados. Ali�s, manter um quadro inicial muitas vezes se torna mais dif�cil que revert�-lo. Tudo depende do desenrolar da campanha.

O resto, � pura especula��o.

O l�der do governo bem que tentou. Correu atr�s, conversou com deputados e at� apresentou requerimentos. De nada adiantou. Por �ltimo, Herv�zio Bezerra focou suas entrevistas num apelo dram�tico para que o empr�stimo fosse votado, mesmo que o governo perdesse. Segundo ele, seria essa a maneira de evitar que “a corda esticasse” mais ainda, piorando a dr�stica rela��o entre Executivo e Legislativo.

No af� de aprovar a proposta do governo e mostrar servi�o, Herv�zio n�o percebeu o que todo mundo j� sabia: a corda j� havia esticado demais e estava a ponto de romper. Os deputados, incluindo alguns vinculados ao Pal�cio da Reden��o, n�o digeriram os ataques de um funcion�rio do governo. Tamb�m n�o gostaram das declara��es do governador e, muito menos, da press�o de servidores da Cagepa que lotaram as galerias e fizeram manifesta��es em frente � Assembleia.

O deputado Ti�o Gomes, por exemplo, um um dos mais ardorosos defensores do governo, chegou a soltar que n�o gosta de muitas atitudes do governador Ricardo Coutinho. Nem seus colegas de bancada. Embora inconscientemente, Ti�o acabou revelando a frustra��o do governistas diante do clima de guerra entre os dois Poderes.

O resultado da sess�o de ontem n�o poderia ser pior. Para o governo e para a Cagepa. A vota��o do empr�stimo foi adiado e n�o h� garantia de que, na pr�xima semana, a mat�ria seja aprovada. A menos que um dos lados da corda ceda, a tend�ncia � de rompimento.