Desde as eleies municipais de outubro, quando defendeu o apoio do PMDB candidatura da professora Cida Ramos em Joo Pessoa, o senador Raimundo Lira d sinais claros de divergncia da maioria do seu partido. Mais que isso, no esconde a insatisfao com o distanciamento entre seu partido e o governador Ricardo Coutinho (PSB). Ricardo apostou todas as fichas em Cida e foi derrotado pelo prefeito Luciano Cartaxo (PSD), que teve apoio do PMDB do senador Jos Maranho e do PSDB, do senador Cssio Cunha Lima.
Para no piorar sua relao com a cpula do PMDB, Lira declarou neutralidade no processo eleitoral da Capital. Mas, s da boca para fora. At o mais leigo cidado sabe que ele torceu e ajudou na campanha do PSB. Os peemedebistas, claro, tambm sabem.
Depois que presidiu com maestria o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rossef (PT), Lira ganhou fora e prestgio dentro e fora do PMDB, em nvel nacional. hoje homem com trnsito livre no Planalto, seja com os ministros de Michel Temer ou com o prprio presidente da Repblica, e est cotado para ocupar um ministrio, suceder Renan calheiros na presidncia do Senado ou liderar a bancada peemedebista na Casa. No pouca coisa.
De “bola cheia”, o senador decidiu engrossar o tom do discurso e “peitar” os prprios aliados (ou seria os futuros adversrios?). Tomou a frente do tumultuado processo de audincia Ricardo Coutinho, cobrando ao presidente Temer a mesma ateno que d aos demais governantes e deixando os colegas de plenrio Cssio Cunha Lima e Jos Maranho a ver navios.
Com a desculpa de ajudar a Paraba, Lira desnudou de vez seu verdadeiro propsito ao se agarrar com unhas e dentes ao projeto poltico-administrativo de Ricardo Coutinho: ele quer disputar a reeleio na chapa do atual governador, virtual candidato ao Senado. Mesmo que, para isso, tenha que deixar o PMDB mais tarde. Do outro lado, da Oposio, Lira sabe que no h espao para suas pretenses. Por isso, decidiu assumir de vez a postura ricardista.
E como o PMDB gosta tanto de dissidentes, no pode nem reclamar.