Até o ano passado, aliados de Luciano Cartaxo tentaram transformá-lo num pacificador. Até uma espécie de “mantra” foi criada, quando passaram a chamá-lo de “prefeito do diálogo”, contestado pelos adversários.
Como toda moeda tem duas faces, veio então 2020, ano eleitoral, e o gestor deixou cair sua “máscara”, assumindo de vez a postura de perseguidor e mandão até então escondida para não prejudicar sua imagem de “bom moço”.
A primeira cartada do “outro Cartaxo” foi impor aos aliados um candidato do seu partido, mesmo dispondo, até então, de um leque de companheiros bem mais cacifados, eleitoralmente falando. Nenhum dos quatro nomes cotados para disputar a sucessão municipal com apoio do prefeito foi sequer testado nas urnas, embora tenham demonstrado competência administrativa enquanto secretários.
Primeiro, Cartaxo descartou o vice-prefeito Manoel Junior e o Solidariedade. Nesse caso.- e somente nesse – o prefeito foi cauteloso e não abusou da.caneta, Talvez temendo uma reação mais brusca do homem de Pedras de Fogo, que conhece a gestão atual como a palma da mão.
A segunda vítima foi o deputado Ruy Carneiro e o PSDB, que ousaram manter uma pré-candidatura, contrariando “a ordem” do prefeito. Como consequência, o secretário-adjunto André Coelho deixou a gestão e Ruy colocou os cargos do PSDB à disposição.
Mesmo assim, nem todos entenderam o “recado”. Pré-candidato pelo PP, o ex-senador e ex-prefeito Cícero Lucena teve o “atrevimento” de discordar publicamente da metodologia administrativa usada por Cartaxo.
Em entrevista, Cícero, que já governou a capital por duas vezes com gestões muito bem avaliadas, disse entre outras coisas que prefere buscar soluções para enfrentar os problemas ao invés de esperar que eles aconteçam e defendeu a elaboração de um.plano de retomada das atividades econômicas pós-pandemia.
Nada demais. Mas, não no entendimento do prefeito. Segundo aliados, Cartaxo teria recebido as declarações como “críticas de um futuro candidato de oposição”. E veio a canetada.
Coincidentemente, logo após a entrevista do ex-senador, Cartaxo exonerou América Castro, então secretária-adjunta da Educação e cunhada de Cícero Lucena. Claro que o prefeito e sua “tropa de choque” não confirmam que foi um ato de retaliação. Nem precisam.
Qualquer inocente sabe que a exoneração está diretamente ligada, não apenas às declarações do ex-senador, mas, principalmente, à sua condição de pré-candidato e agora, mais que nunca, adversário do atual prefeito.
Se administrativamente o “outro Cartaxo” sobrevive da pandemia de coronavírus, politicamente o prefeito parece enfrentar uma curva descendente. Em poucos meses, perdeu pelo menos três importantes aliados: Manoel Júnior, Ruy Carneiro e Cícero Lucena.
E olhe que ele ainda nem anunciou oficialmente seu candidato. A partir dessa confirmação, “muita água vai rolar por baixo da ponte”. A começar pela postura dos vereadores do Solidariedade, do PSDB e do PP na Câmara Municipal, diante do novo quadro.
Para quem passou oito anos praticamente sem oposição, as previsões em um período eleitoral não são nada animadoras.
Mesmo com uma “caneta pesada” na.mão.