Dias atrás, perguntei ao deputado Anísio Maia sobre a possibilidade de transferência de Ricardo Coutinho e seu grupo para o PT. Isso, antes da intervenção. Anísio disse que alguns, como a vereadora pessoense Sandra Marrocos, seriam bem vindos. Mas, mandou recado para outros: ” No PT, não há espaços para caciques”.
Mesmo sem citar nomes, o “recado” do deputado caiu como uma luva no endereço do ex-governador Ricardo Coutinho, principal liderança do PSB e em vias de rompimento com o governador João Azevedo.
Ricardo, na época vereador, trocou o PT pelo PSB por não aceitar as regras petistas que, naquela ocasião, não lhes eram favoráveis. Ele queria disputar a sucessão municipal e precisava passar por prévias. Isso ocorreu em 2004, pouco tempo antes do Mago ser eleito prefeito de João Pessoa.
No evento de Monteiro, em favor da Transposição, Ricardo teria novamente deixado o PT em segundo plano. Até lideranças petistas, como o ex-deputado federal Luiz Couto, teriam sido barrados no palanque, segundo trechos da carta de Anísio Maia.
No documento distribuido com a imprensa nesta segunda-feira, Maia acusa “os girassois” de sempre se postarem como “donos da festa”. No caso do “SOS Transposição”, uma denominação que caberia à militância petista “que compareceu em peso ao evento”.
O deputado aproveitou para “alfinetar” o “cacique” do PSB. Disse que nunca gostou dessa estória de idolatrar líderes. Nem mesmo no caso de Lula, a maior liderança do PT.
Abaixo, a carta na íntegra:
SOS Transposição
Não gosto desta estória de idolatrar líderes.
Nunca fiz isto nem com Lula.
A vitória de ontem foi dos movimentos sociais.
Merece destaque a militância petista, que compareceu em massa e garantiu o sucesso do ato.
Este poderia ser maior se não ocorresse erros graves no planejamento e execução.
Tem que acabar esta estória de alguns girassóis quererem sempre ser os donos da festa.
No palanque tinha um coronel que dizia quem subia, quem falava e quem devia ser exaltado, a ponto de excluir a deputada petista Natalia Bonavides, o ex-deputado Luiz Couto e outros.
Talvez esta conduta justifique algumas ausências importantes.
Cabe-nos, ao invés de atacar aliados ausentes, procurar reincorporá-los nas próximas jornadas.
Para isto alguns métodos devem ser corrigidos. Ou operamos isto rapidamente ou a correlação de forças no Estado tenderá inevitavelmente para a direita.
Isto é muito mais importante do que querer mostrar quem é o dono da Paraíba.
Anísio Maia – Deputado Estadual