Quem tem tempo, não tem pressa. A expressão cabe como uma luva na situação vivida pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB), dividido entre apoiar a reeleição do atual governador, Ricardo Coutinho (PSB), e se lançar candidato a sucessão estadual em 2014, rompendo a aliança vitoriosa nas eleições de 2010. A pressão popular, de aliados e dos próprios familiares, somada a certos “deslizes” cometidos por Ricardo nos últimos meses, já provocou mudança no foco do discurso de Cássio.
Antes, o tucano se matava de repetir que preferia manter a aliança com o PSB a disputar as eleições em faixa própria, chegando a quase desautorizar aliados de primeira hora, como o senador Cícero Lucena e o deputado federal Ruy Carneiro, que insistiam na tese de sua candidatura ao Governo do Estado e no rompimento com o governador Ricardo Coutinho.
Agora, Cássio diz apenas que é melhor deixar para o ano que vem a decisão sobre sua eventual candidatura.
Não por acaso, fatores paralelos empurram o senador na direção da disputa. Um deles, é a inegável desconfiança de Ricardo Coutinho que, vez por outra, recorre a frases de efeito para atingir ex-governadores adversários, “esquecendo” de excetuar o principal aliado e peça decisiva para sua vitória em 2010. Essas “derrapadas” fazem Cássio perguntar a si próprio se está diante de um aliado ou de um adversário.
Outro fator, é a pressão popular, atestada publicamente por aliados e familiares, como o filho Pedro Cunha Lima, que pode estrear na política como candidato a deputado federal ano que vem. Apesar de neófito no assunto, Pedro soltou o verbo, em recente entrevista, e disse o que toda a Paraíba já sabe, mas nenhum aliado do governador tem coragem de dizer: “existe um clamor popular pedindo que Cássio seja candidato”.
Pedro foi além: previu que o pai não deixará de atender ao chamamento da população paraibana. Sobre Ricardo, não falou nada. Nem precisava.
Cássio pode até estar calado, mas não está parado. Vem fazendo visitas e convidando deputados para reforçar a chapa proporcional do PSDB. João Gonçalves e Branco Mendes já confirmaram que receberam convites. Outros estão listados. Como se vê, o experiente tucano monitora de perto, apesar de passar a maior parte do tempo em Brasília, o quadro político paraibano.
Na hora certa, Cássio dará a resposta ao povo. E o povo dará a resposta a quem merece.