O prefeito Luciano Cartaxo (PV) já enfrenta os primeiros efeitos da derrota de seu irmão, Lucélio, nas eleições de outubro passado. Integrantes de sua bancada ensaiam críticas à gestão municipal, mesmo que pontuais, coisa difícil de imaginar antes do resultado das urnas. Os problemas administrativos, entretanto, não são a causa maior da insatisfação e sim o excesso de pré-candidatos a vereador alojados na equipe de Cartaxo.
Os secretários Adalberto Fulgêncio, Cássio Andrade, Diego tavares, Zenedh Bezerra, Lucius Fabianni, José Bezerra e Ubiratan Pereira, além do secretário executivo do Orçamento Participativo, Francisco das Chagas, são citados como pré-candidatos à uma vaga na Câmara Municipal de João Pessoa em 2020. Não é só o fato de terem, na gestão, futuros adversários nas urnas que preocupa os aliados. Os vereadores governistas se queixam que a maioria desses auxiliares estaria trabalhando em benefício próprio, usando as atribuições dos cargos que ocupam em busca de votos.
“É uma concorrência desleal. Alguns secretários sequer atendem mais telefonema dos vereadores e assumem a paternidade de obras da gestão municipal, ignorando as reivindicações que levamos ao prefeito. Luciano (Cartaxo) já foi comunicado dessa situação que põe em risco a unidade da bancada”, avaliou um vereador da base, que preferiu o anonimato.
O episódio mais recente gerador de queixas dos vereadores envolve o secretário Cássio Andrade. Em entrevista ao Sistema Arapuan de Comunicação, no programa Arapuam Verdade, apresentado pelos jornalistas Heron Cid e Gutembergue Cardoso, Andrade deu uma verdadeira “aula” sobre a importância e as demandas do Orçamento Participativo, mas em momento algum citou a contribuição dos parlamentares nas plenárias promovidas em diversos bairros da cidade. A omissão de Cássio foi entendida como premeditada para beneficiar, indiretamente, seu colega Francisco das Chagas. Os dois teriam acordado que, quem estiver em melhores condições no ano eleitoral terá o apoio do outro.
A disputa eleitoral antecipada estaria apenas começando e alguns vereadores prometem “dar o troco” em intervenções no plenário da Câmara Municipal, a partir de janeiro, quando começa o segundo biênio legislativo. Mesmo que as queixas se mantenham pontuais, coisa que ninguém garante, o quadro atual aponta para muitas turbulências na relação do prefeito com sua bancada no ano pré-eleitoral.
Situação que pode “respingar” no líder Fernando Milanez Neto.