O governador João Azevedo não esconde de ninguém sua preferência pelo populismo de Luis Inácio Lula da Silva, na corrida presidencial de 2022 Principalmente, após as divergências públicas com o presidente Jair Bolsonaro.
Nem mesmo a vontade do Cidadania de votar em Ciro Gomes parece interferir na determinação do homem. Aliás, o governador paraibano até já pediu “liberdade” ao seu partido para escolher o candidato á presidente da República que lhe convier. Com toda autoridade e pompa de quem tem uma gestão muito bem avaliada.
Mesmo supondo que um partido novo, que defende mudanças nas práticas polîticas atuais como o Cidadania, aceite tal condição, esse não seria o maior problema para João. O “buraco” è mais embaixo.
Com apoios “sobrando” ao projeto de reeleição, João sequer fechou sua chapa. E não tem pressa para isso. Pelo contrário, resolveu adiar as definições para depois de confirmadas as regras eleitorais. Uma delas, a possível volta das coligações proporcionais, pode lhe render muitos frutos na acomodação de aliados.
É justamente aí, na acomodação de aliados, que reside a principal dor de cabeça do governador. João tem a vaga de vice e a de sanador, com as duas suplências, para negociar. O problema é que são muitos interessados para poucos espaços.
Não bastasse isso, o ex-socialista procura também uma fórmula mágica para conciliar seu provável apoio a Lula e o PT com as alianças que mantém em nível estadual. Ou alguèm.imagina que o deputado Aguinaldo Ribeiro, sua irmã senadora Daniella, ambos do PP, e Wilson Santiago, deputado do PTB, e Wellington Roberto (PR) vão abandonar Bolsonaro para subir no mesmo palanque que João e Lula? Poderiam até deixar Bolsonaro, mas não o que seu governo lhes fornece.. O que daria no mesmo.
Tem.mais: a história é testemunha de “viradas” importantes na política paraibana. Uma delas, em 2002,quando o então governador Josè Maranhão (já falecido) “esnobou”, diante de sua condição privilegiada, colocando um candidato bem mais fraco, eleitoralmente, contra o favorito Cássio Cunha Lima.
Aliados “de peso” como o então deputado Efraim.Morais (o pai) e o ex-givernador Wilson Braga debandaram e ajudaram a eleger Cássio, vencedor no.primeiro e nosegundo turnos. Na época, era voz corrente que, com um nome.mais competitivo como Gervásio Maia, por exemplo, e uma “forcinha” de Maranhão para manter os que tinha e atrair novos apoios, o PMDB reverteria o quadro.
Em 2010, em situação semelhante, o mesmo PMDB sucumbiu diante da aliança, atè então imprevisîvel, entre o PSDB de Cássio e o PSB, de Ricardo Coutinho. Ambos se aproveitaram dos erros repetidos pelos adversários para vencer a disputa do Governo ao Senado..
São muitos os casos, mas fiquemos por aqui.
Os problemas não afetam o favoritismo de João, pelo menos.por enquanto. Mas inspiram cuidados. O governador sabe, como ninguém, que não pode dar passos errados, muito menos na fase final de uma partida onde tem tudo para vencer.