Mulher decide caminhar 712 km em memória da filha de sete anos assassinada da com 42 facadas

Lúcia Mota no trajeto de Petrolina ao Recife - Adriano Alves/UOL
  Lúcia Mota no trajeto de Petrolina ao       Recife

Adriano Alves

Colaboração para o TAB, de Petrolina

O dia ainda nem tinha nascido quando Lúcia Mota, 41, apertou os cadarços do tênis para encarar o desafio de concluir uma caminhada de 712 km. O esforço é em memória da filha Beatriz Angélica, assassinada aos 7 anos de idade, em 2015.

Em mais uma tentativa desesperada de ser ouvida pelo governador, Lucinha, como é chamada carinhosamente por todos na região, saiu de Petrolina — cidade cenário do crime — no último dia 5, com destino ao Recife. A missão é ir a pé até o Palácio das Princesas, sede do governo do estado, para pedir justiça por Beatriz.

Foi um ano inteiro de preparação física. O treinamento que, antes, era só para amenizar o estresse, se intensificou com a nova meta. E nessa rota Lucinha não vai só: cada passo é dado com o apoio de duas amigas que seguem ao seu lado — o que não elimina seu cansaço. “O corpo dói, os pés doem, mas o que dói mais, pode ter certeza, é tirarem um filho da gente”, desabafa.

A bancária Daniliria Cavalcante, 34, faz parte dessa rede de apoio desde o início. “A gente não imaginava que isso fosse se estender tanto”, comenta sobre o caso não solucionado. Ela pediu licença do trabalho para acompanhar Lucinha todos os dias. Ao lado, também vai a aposentada Ana Novaes, que mora no Recife e viajou de avião até Petrolina para fazer o retorno a pé. “Eu me espelho de alguma forma, apesar de não conseguir sentir na pele o quão profunda é a dor”, diz Deniliria.

Por dia, as amigas caminham entre 20 km e 40 km, a depender da distância entre uma localidade e outra. O sol forte da região impede que o trajeto se estenda muito ao longo do dia. É necessário sair cedo para aguentar chegar até a próxima parada.

Um carro vai acompanhando Lucinha. No comando do apoio está o marido e pai de Beatriz, Sandro Romildo, que conta com a ajuda de mais dois amigos. “Podemos passar 30, 60, 90 dias… uma hora ele [o governador] vai ter que nos atender, uma hora ele vai ter que enfrentar o problema. Chega de indiferença, chega de injustiça, chega de impunidade, chega de incompetência”, pede.

No acostamento, ao lado de carros, caminhões e ônibus, que passam buzinando como forma de apoio à causa, ela segue viagem até sumir na linha do horizonte. Na bagagem, a mãe carrega muitas lembranças da filha. “Comigo, no meu corpo, levo apenas recordações de Beatriz”, conta.

Veja reportagem completa em UOL.com.br

Com Imagem de Adriano Alves/UOL

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