Um jovem de 28 anos, que preferiu não se identificar, reconheceu o padre Rui Braga na reportagem do Fantástico e contou detalhes de um dos abusos, que teria acontecido entre a noite de um sábado e a madrugada de um domingo, na casa paroquial de uma igreja em João Pessoa.
“Eu tinha cerca de 9, 10 anos, no máximo. Era coroinha na igreja em que ele era padre. Meus pais confiavam muito. Ele era o padre, havia uma relação de amizade. No domingo de manhã tinha missa e eu serviria na missa”, diz o jovem.
O rapaz e outros dois coroinhas dormiam na sala da casa paroquial, depois de um evento na igreja. Segundo a vítima, o padre dormia no quarto.
“No meio da madrugada ele me acordou e me levou para o quarto. Ele fez absolutamente tudo. Eu era uma criança, mas lembro dos detalhes. Os mais sórdidos daquela noite”, relata.
Ainda conforme a vítima, durante o abuso o padre segurava as mãos dele.
“Para que eu não tivesse como me mexer, e falava para eu não gritar. Ele falou que era coisa de amigo, que eu não contasse a ninguém, que aquele era nosso segredo e que ninguém precisava saber o que eu tinha feito. Como se a culpa do que eu tinha acontecido fosse minha e eu cresci achando que eu era culpado. No período de dois anos, aconteceram cerca de seis vezes”, conta.
“Decidi entrar em contato e relatar esse acontecimento para que não fique impune. Ele [o padre] me chamou para ir para João Pessoa, para a casa dele, passar o fim de semana. E ele chamou para eu ir pegar o endereço no quarto. Quando entrei no quarto, ele começou a passar a mão no meu corpo”, relata.
O homem disse que em um primeiro momento ficou sem ação, mas depois reagiu.
“Fiquei totalmente paralisado. Eu tinha que fazer alguma coisa porque se não iria ser algo pior e daí foi quando eu tomei atitude e falei para ele que estava indo embora. Eu saí daquele quarto muito traumatizado. Até hoje isso é muito vivo. É uma ferida que não cria casca”, diz a vítima.
Padre Rui da Silva Braga — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
O padre Rui Braga se pronunciou na terça-feira (22) por meio das redes sociais. Em uma postagem, ele diz que o conteúdo da reportagem foi algo “requentado no calor de um ódio sem precedente”. “Sinto que não se trata de um zelo pela justiça, mas creio que passa pela esfera do pessoal”, disse. Ele ainda afirmou que as denúncias foram arquivadas e que se as palavras ditas pelas vítima fossem verdade, elas não teriam escondido o rosto.
Em nota, a Arquidiocese da Paraíba disse que “não tem como se pronunciar sobre casos que não sejam de seu conhecimento formal” e que “repudia qualquer comportamento que atente contra a dignidade da pessoa humana, e que os casos que chegam ao seu conhecimento são investigados”.
A reportagem da TV Cabo Branco tentou entrar em contato com monsenhor Ednaldo, mas as ligações não foram atendidas até as 12h (horário local).
Monsenhor Ednaldo Araújo dos Santos — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Em novembro de 2017, o caso foi arquivado na Justiça comum uma vez que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) considerou que os crimes já tinham prescrito, ou seja, pela lei, eram antigos, e não podiam mais ser julgados.
O procurador estadual Francisco Sagres Vieira afirmou que tinha convicção de que o crime aconteceu, de que “os fatos se verificaram, tinha motivo suficiente para promoção da denúncia crime”. Porém, estava com as mãos
Atadas porque havia prescrição”.
Mas na Justiça do Trabalho houve condenação, por exploração sexual. Indenização de R$ 12 milhões, R$ 1 milhão para cada ano de dom Aldo Pagotto à frente da Arquidiocese. O dinheiro deve ter uso social.
O procurador do Trabalho Eduardo Varandas explicou que as novas vítimas vão ser ouvidas em breve e o vai analisar se pede a reabertura da investigação criminal no Ministério Público da Paraíba (MPPB).
Com G1