A posse do governador Ricardo Coutinho na presidência da Fundação João Mangabeira, nesta segunda-feira, em Brasília, não ocorreu por acaso. Além de fornecer um espaço privilegiado a um de seus principais filiados, que a partir de 01 de janeiro ficará sem mandato, o PSB mostra reconhecimento ao trabalho do paraibano, seja pela gestão administrativa ou pelas ações eleitorais que ajudaram o partido a crescer.
Na visão de Ricardo e seus aliados, entretanto, o gesto da cúpula socialista representa muito mais que isso. O governador paraibano alimenta o sonho de comandar as oposições numa cruzada contra o governo de Jair Bolsonaro, que toma posse como presidente da República justamente no dia em que Ricardo deixa o Palácio da redenção.
Coutinho aceitou o convite pensando em ocupar o “vácuo” deixado por Lula, o PT e demais partidos de esquerda, após a roubalheira exposta pela Lava Jato. Sem a fundação, o futuro ex-governador ficaria sem palanque para se contrapor às ações do novo governo, principalmente na hora das falhas. A presidência da Fundação João Mangabeira dará ao paraibano, além disso, espaço para manter seu nome na mídia, contrariando a expectativa de seus adversários locais.
Se não houver mudança de rota, Ricardo tem tudo para disputar a Prefeitura de João Pessoa em 2020. Além de deixar o governo com altíssima aprovação, pelo conjunto de obras que entregou à população, o socialista encontrará um cenário altamente favorável, do ponto de vista eleitoral. O prefeito Luciano Cartaxo (PV) não construiu, ao longo dos seis anos de mandato, um único nome de peso para sucedê-lo.
Com exceção do vice Manoel Júnior, de quem ele agora tenta se reaproximar, Cartaxo tem, entre os aliados mais próximos, apenas alguns “cacarecos”, como diria o ex-governador Wilson Braga, que poderiam disputar o pleito. A preço de hoje, Ricardo disputaria a sucessão municipal “em céu de brigadeiro”.
Portanto, não é difícil entender o interesse do Mago pela nova missão.