As pesquisas foram criadas como instrumento de leitura indicativa da preferência popular em relação à candidatos que disputam cargos eletivos do nosso sistema eleitoral. E logo se tornaram uma “febre” num país com eleições de dois em dois anos, movimentando um negócio milionário. Mas, também enfrentaram controvérsias. Não é de hoje que as chamadas consultas populares dividem opiniões.
Entre erros e acertos de resultados, os institutos de pesquisas foram se proliferando e hoje são dezenas ou talvez centenas pelo Brasil afora.
Sempre que se divulga os resultados de uma pesquisa eleitoral, logo surge o questionamento: os números são confiáveis ou foram manipulados para favorecer algum candidato? Os favorecidos defendem os resultados com unhas e dentes. Os prejudicados, mesmo que tentem o contrário, preferem desqualificar institutos e números, muitas vezes alegando erros cometidos anteriormente. Tais erros, não se sabe, se involuntários ou por má-fé.
Na Paraíba, os exemplos são muitos. Alguns, históricos. Em 2009, pesquisa do Ibope, o mais antigo e renomado instituto do país, registrou empate técnico entre os candidatos José Maranhão (PMDB) e Ricardo Coutinho (PSB). A pesquisa de boca de urna do mesmo instituto, feita meses depois, assegurava a reeleição do então governador emedebista em primeiro turno. Os números eram referendados por outros institutos, que também consultaram o eleitorado paraibano. Ricardo foi para o segundo turno, superando o adversário em quase 9 mil votos. E acabou vencendo também a disputa final, tornando-se governador da Paraíba.
As explicações técnicas para os erros são muitas. A principal: pesquisa é o retrato do momento. Pois bem, se é assim por que naquele momento, prestes a ocorrer a eleição em primeiro turno, o Ibope apontou vitória de Maranhão? Será que o eleitorado mudou de opinião de uma hora para outra? Os “especialistas” podem até responder, mas, convencer que bom…
Até porque, manipular dados de uma pesquisa eleitoral não é nenhum bicho de sete cabeças. O conceito técnico de uma pesquisa pressupõe regras que nem sempre são seguidas à risca pelos institutos. A escolha do eleitorado a ser aferido é uma delas. Para beneficiar determinado candidato, é bastante priorizar seus “redutos eleitorais” na consulta. A probabilidade do “escolhido” ficar à frente dos concorrentes é de quase 100 por cento.
Quando divulgada, uma pesquisa distorcida ou fraudada pode influenciar no resultado das urnas, principalmente na véspera da eleição, levando-se em conta, por exemplo, a importância do chamado voto útil. O voto útil ocorre quando o eleitor escolhe o candidato favorito apenas pelo desejo de vencer a disputa, partindo da premissa de que “ninguém quer perder o voto”.
Acertando ou não o resultado da eleição, o instituto é pago. Mas, não falta quem diga que ele recebeu “por fora” para beneficiar fulano ou sicrano. Outra coisa: quando acerta, o responsável pela pesquisa ganha credibilidade, principal atributo que comercializa. Em contrapartida, quando erra, até mesmo os contratantes desconfiam da seriedade da empresa.
Talvez esteja aí o mote para o futuro desse mercado tão lucrativo.
E voce, o que acha? Acredita em pesquisa eleitoral?