Coube ao sempre antenado colega Walter Santos puxar o “fio da meada” de um tema polêmico, que nos leva a fazer reflexões. A condenação prévia, seja através do aparato policial e investigativo ou da mídia, tem causado prejuízos imensos a homens públicos e até aos mais simples. Uma das vítimas emblemáticas desse processo foi o ex-senador Ney Suassuna, que perdeu o mandato e passou por sérios constrangimentos junto a familiares e amigos por ter seu nome envolvido no chamado “Escândalo das Sanguessugas”, esquema que fraudava licitações para compra de ambulâncias no País.
Inocentado pelo Ministério Público Federal quase dez anos após as eleições de 2006, quando perdeu o mandato de senador, Ney tem poucas medidas a tomar para ser compensado pelas acusações que lhe causaram tantos prejuízos. Uma delas é processar a União, decisão que já anunciou. Mas, nenhuma indenização por danos morais que receber vai reparar os prejuízos que Ney teve, seja no âmbito político ou pessoal.
Na época, o então senador sustentava que, por ser um homem rico, não precisava participar de fraudes ou crimes semelhantes para arrancar dinheiro do Poder Público. Muito menos do privado, onde ostenta um aparato de empresas de causar inveja a qualquer um. Nada adiantou. Ney perdeu a eleição e, praticamente, abandonou a vida pública diante da execração pública a que foi submetido. Mas, manteve a dignidade.
Como empresário, continua o mesmo. Bem sucedido e buscando novos desafios. Como politico, entretanto, anexou ao seu currículo uma “mágoa” eterna comum a todo injustiçado, reforçada agora pela constatação do MPF de que seu envolvimento com a “Máfia das Ambulâncias” não foi além do noticiário, muitas vezes estimulado por seus adversários com objetivo único de detratá-lo e derrotá-lo nas urnas.
Ney está de “alma lavada” pelo resultado conclusivo das investigações, mas continua com o coração “partido” devido a recente processo cirúrgico a que foi submetido e, principalmente, pela situação de outrora que o levou à bancarrota eleitoral.